domingo, 8 de março de 2009

Eu gosto do azul

Amanda tem oito anos. Filha de pais separados, ainda não conseguiu decidir muita coisa em sua vida. Hoje, mora com os avós paternos, uma família gremista. Não menos fanática por futebol, a família da mãe é palmeirense, mas a mãe insiste em torcer pelo Flamengo, mesmo que não saiba o nome de um único jogador da time.

A rotina da família paterna de Amanda acabou levando a menina para o caminho deles, o do Grêmio. Ganhou uma camisa do time, quando acompanhava o Campeonato Brasileiro apenas pela corrida dos cavalos, apresentada semanalmente no Fantástico. Uniformizada, assistia os jogos no bar do Grêmio. Naquele bar, o pai conheceu uma legião de torcedores, e com eles foi acompanhar o jogo contra o Coritiba, em Porto Alegre.

Aquela foi a primeira viagem longa de Amanda. Sim, ela viajou mais de oito horas para ver o Grêmio jogar. No ônibus, a torcida passou a noite cantando. Amanda não reclamou: tocou o bumbo e cantou todas as canções com eles até que, cansada, dormiu. O pai passou o dia envolvido com os tramites da excursão. Na hora do jogo, atenção total à menina. Pai e filha estavam finalmente no Olímpico Monumental, e os dois vestiam o manto azul. Seria perigoso para Amanda ficar na Geral, mas o pai a colocou nos ombros.

No estádio, Amanda cantava as músicas que havia aprendido no bar e também durante a excursão. O Grêmio tinha feito uma boa partida: Tcheco e Héverton marcaram para o time porto-alegrense. Ariel Nahuelpan descontou para o Coritiba. Aquele resultado podia não significar muito para Amanda. A emoção de assistir um jogo, sim. Já nas arquibancadas, Amanda puxou a camisa do pai. Os olhos da menina estavam marejadas tamanha era a festa da torcida do Grêmio. Com a voz doce que lhe é peculiar, Amanda disse ao pai: “eu gosto do azul”.

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