segunda-feira, 3 de maio de 2010

Feliz com o Gauchão e pensando mais longe.

Foto de Sônia Vill.

As vezes jogar com o regulamento sob o braço é a única alternativa. Ontem, na final do Gauchão, não era o caso. Não quero ofuscar a beleza do título nem a alegria de deixar o co-irmão acachapado mais uma vez. É pelo campeonato regional que se começa um ano gordo, de grandes conquistas. Mas o Grêmio poderia ter jogado mais, feito escore, colorido ainda mais a festa da superioridade indiscutível.

O que me preocupa neste nosso time é que não vejo nele a “alma castelhana”, o DNA raçudo que marca a história do Imortal. No derradeiro jogo do campeonato vi um time administrativo, quase burocrático. Nenhuma grande dividida, nenhuma grande vitória pessoal obtida no suor. É tudo muito certinho, bonitinho, limpinho. Cadê o suor, a raça, a obstinação, o “não tem bola perdida”?

Temos um plantel respeitável. Jogadores de muita técnica e bom toque de bola. Se a esse talento agregarmos raça e uma injeção da tradição tricolor, aí sim teremos um baita time. Jogar com o regulamento é para quando não há outra alternativa, aí a gente se segura no sangue, na superação. Mas ontem sobrava técnica para amassar o co-irmão. Então creio que o “regulamento” não foi uma opção, mas uma contingência para suprir uma carência tática.

Não vi no time um repertório de jogadas, um plano estratégico que potencialize os talentos que temos. Fica tudo muito voluntarioso, dependente da estrela de um ou outro. Em outras palavras, falta uma personalidade técnica, um padrão de jogo, um conceito de time. Ou melhor, um conceito mais estruturado.

Silas disse após a conquista que fez um vôo sem escalas de um time pequeno para um muito grande. Concordo com ele. Autocriticamente ele admite que não tem ainda estatura para treinar um clube como o Grêmio. Falta-lhe experiência, ambição e conhecimento. Por isso opta por uma relação estreita com os jogadores, fazendo do plantel uma confraria de boleiros bem remunerados. Até quando isso vai dar certo dentro de campo?

Não quero jogar pedra no Silas, nem ser pessimista. Mas para ir mais longe precisamos de um treinador mais competitivo, com alma castelhana. Claro que Felipão é o sonho impossível, mas algum Mano Menezes já me deixaria bem feliz.

Um comentário:

Claudio Lucio Augusto disse...

Com cinco derrotas no Brasileirão, incluindo um clássico, acho que seria possível mudar o técnico, aliás, a possibilidade do Mano estar disponível para o segundo semestre é grande, principalmente se o Corinthians deixar a Libertadores. Por enquanto está enganando bem, e se o Ronaldo continuar dominando a bola com a canela vai assinar a saída do Mano. No caso do Grêmio, pra quem tem metade é dobro... Silas conta com a sorte e vai adquirindo experiência... Mas não seja tão exigente, confie do apóstolo Silas e deixe o irmão Mano Menezes continuar operando milagres...