segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Até quando vai a nossa dor gremista?

Está difícil escrever sobre o Grêmio. Há pouco o que dizer. Por isto reproduzo a crônica do Paulo Santana, de hoje, na Zero Hora. Acho que ela fala aos nossos corações tricolores desesperançados.

Reflexões doloridas

Fico pensando que sofro menos por mim do que por meus amigos nessa imensa dor que domina a todos pelo estado lastimável em que se encontra o Grêmio.

Tenho um amigo, o Pedro, que às vezes me telefona e não consegue esconder a mágoa profunda que envolve seu cérebro e seu coração pelos amargurados caminhos em que enveredou o Grêmio.

Os meus amigos gremistas que sofrem pelo Grêmio não ocultam também que mais lhes é pesada essa carga sentimental por constatarem a minha impotência e o meu desânimo: para eles, se o Paulo Sant’Ana não tem coragem de agir, nada mais lhes resta.

O que mais os apavora e a mim também amassa: a grandeza do Grêmio e as alegrias que o clube já nos deu. Como fomos felizes!

Imaginávamos que o Grêmio fosse sempre nos alegrar como fonte da nossa existência forte e saudável, torcedores que nos apoiávamos num grande clube!

Qual o quê! Vivemos nos últimos anos condenados a torcer por um clube pequeno, equivocado, azarado, mas com o azar dos ruins, dos desqualificados.

Até quando durará a nossa dor gremista? Até quando andaremos pela vida envergonhados e de cabeça baixa pelo que nos impõe o Grêmio?

Um dia vai cessar essa descrença. Um dia voltaremos a ser aqueles gremistas convictos de que não há ninguém maior que nós e que vale a pena amar o Grêmio sobre todas as coisas e não usar o seu santo nome em vão.

Poxa, no Dia de Finados, me lembrei de vocês, Lara, Camelinho, Mário Antunes da Cunha, Fernando Kroeff, Mário Caminha, Hermínio Bitencourt, todos mortos, mas tão vivos no registro da nossa memória e saudade.

Me lembrei de vocês. Fraco, impotente, fui buscar alguma energia nos mortos, desolado com os “vivos” que desgraçaram o Grêmio com a conivência da nossa omissão. Não adianta ficarmos execrando a esperteza dos que faliram o Grêmio: e o que fizemos para impedi-los de cometer esse crime? Nada.

A acusação também aponta contra nós.

Nós nos deixamos, todos, enganar por eles.

E assim restamos nós, parece até que à espera de um Messias, de uma onda espiritual avassaladora que varra todos os atos medíocres do Olímpico, do gabinete até o gramado.

E aqui estamos nós, gremistas, curtindo a nossa profunda e insuportável dor da energia desaproveitada.


*Texto publicado hoje, 09/11/09 na página 39 de Zero Hora.

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