
Mas nosso técnico não enxerga. É tecnicamente míope e constituiu um time com pouco repertório, com poucas jogadas, sem criatividade, sem apuro tático. É fraco o técnico. Não entendeu o que acontecia em campo e com suas intervenções no time só fez piorar as coisas. Tirou um volante preciso e colocou um atacante duvidoso. Atrapalhou-se mais ainda nas outras substituições.
O Grêmio que venceu o Gauchão e que chegou a ameaçar o jovial e reluzente time da Vila Belmiro é uma ilusão. Foi sustentado pela raça, que diga-se de passagem andava ausente. Mas a superação motivacional não é suficiente, como não foi quarta-feira. Queremos o Grêmio raçudo, de alma castelhana, mas queremos futebol também: tática apropriada, desenvoltura técnica, inteligência. Só um bom técnico pode misturar estes ingredientes, mas infelizmente, não é o caso do nosso.
Para dar um exemplo, pergunto qual a noção de contra-ataque do Grêmio? O que vi foi uma correria puxada geralmente pelos laterais que atabalhoadamente atiravam a bola para o meio, quadrada, de bandeja para o desarme. Não é só falta de talento, é falta de orientação, de previsão tática, de esquema de jogo. Não é só porque os guris do Santos são habilidosos que se tornaram fatais nos contra-ataques. É porque as jogadas têm sentido, sempre há alguém posicionado, gerando alternativas. Contra-ataque não é um acaso, é uma jogada prevista, uma alternativa estratégica. Mas só bons técnicos sabem disto.
O Brasileirão é um campeonato difícil, um rallye de regularidade. Não se ganha na raça e se faz por definição um habitat hostil para o tricolor. Para vencê-lo é preciso um plantel bem estruturado – não estamos longe disto – e sobretudo padrão de jogo, repertório tático variado, fluência de fogo. Com ajustes ao que temos se chega a um plantel suficiente, pois não há nada muito superior no país. Mas sem um bom técnico para comandá-lo vai ficar difícil. Silas pode não fazer feio, mas fazer bonito é muito mais.