quinta-feira, 23 de julho de 2009

Abstrações na Ressacada

Pelo menos não choveu. O jogo foi bonito, pegado. Mas o Grêmio foi muito feio, amarrado, incompetente, moroso. Jogou melhor, é verdade, mas isto não vai para súmula. Lá ficou assinalado que com uma bola parada o Avaí sagrou-se vitorioso e ganhou três pontos honrosos, para quem tem como objetivo declarado apenas permanecer na série A.

Como é difícil organizar um raciocínio sob certa ressaca (nenhuma alusão ao nome do estádio), vamos destacar alguns pontos.

1 – O Grêmio parece ter abandonado a absoluta falta de técnica (cartilha do técnico que não se deve dizer o nome) por um preciosismo carente de objetividade. Um monte de passes bonitinhos, toques refinados, dribles curtos no meio campo. Mas bola na casinha que é bom...

2 – Tcheco parece uma tia velha. Dá impressão de que resmunga o tempo todo. E tome passe para os lados e... para trás. Nada vertical, insinuante, agressivo. O que chamam de “cadenciamento” do jogo e chamo de morosidade. É claro que depois de dois ou três toquinhos sempre vai aparecer um brucutu para roubar a bola ou cometer falta.

3 – Mário Fernandes tem pinta. Se não desaparecer mais, vai aparecer muito. (Parece que pela sua juventude ele não tem cacoetes das posições fixas. Dizem que é zagueiro mas joga bem de lateral, inclusive apoiando e voltando para marcar.)

4 – O Avaí jogou com inteligência, mas jogou como um time pequeno e cansado de perder. O esquema é um retrancão com cinco caras plantados na frente da área, esperando contrataque. O que impressiona é a incapacidade do Grêmio superar isto.

5 – Tirando os dois aloprados argentinos do ataque, o Grêmio não parece o “copeiro” de sempre, no qual a garra faz diferença. Há uma certa “sofisticação” esquisita pro meu gosto. Resumindo: muita frescura e pouco jogo.

6 – Impressionante a presença feminina na torcida tricolor. Muitas meninas e senhoras. A maioria bonita, para corroborar a tese de que “as tricolores são mais belas”. As embaixadoras deste blog - Andressa e Adriane – deram sua colaboração para embelezar a arquibancada.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Ressacada, nos aguarde.

Apesar da assessoria de imprensa do Avaí nos ter negado credenciais de imprensa (o eterno cartel da ABRACE - Associação Brasileira de Cronistas Esportivos não deixa se não for filiado), o nosso blog vai estar presente na Ressacada. Não vamos poder fazer uma planejada cobertura em tempo real, mas vamos para a arquibancada mesmo, pra se esguelar gritando.
O blog está escalado com Adriane, Andressa e Gastão. Pelo menos fotinho do celular a gente vai postar na quinta. Podem esperar.
Enquanto isso, vamos ensaiando: "Da-lhe, da-lhe, Tricolor"!!!!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Grenal em charges


Do Iotti e do Marco Aurélio, respectivamente. Na Zero Hora, é claro.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

As revelações do Souza

As coisa que o Souza falou na TVCom de Porto Alegre após o jogo de domingo revelam que a coisa era bem complicada na época do treinador que não se deve dizer o nome.

O blog do Diogo Olivier tem um post interessante (leia a íntegra). Vou destacar só uma frase do experiente meiocampista.

— Com o Celso era mais aquele jogo de contra-ataque. Agora, não. Agora a gente joga. Você ergue a cabeça e tem sempre alguém passando. O Adilson cruzou da esquerda para o segundo gol, do Jonas. O Fábio Santos solta. Aumentaram as opções para dar um passe. Com o Celso, ficava um espaço enorme entre meio-campo e ataque. Às vezes só restava a opção da bola longa. Agora jogamos agrupados, valorizando o toque de bola.

Com a cara do novo chefe?

A vitória por 3 a 0 , ao natural, contra o Corinthians campeão da Copa do Brasil, foi o melhor jogo do Grêmio este ano - ponto indiscutível. Partido desse ponto, tento lembrar em quais momentos o tricolor jogou tão bem em 2009. Só consigo lembrar do incrível empate sem gols contra o Universidad de Chile, na estreia na Libertadores, e os 2 a 1 sofridos no primeiro confronto contra o Internacional na temporada.

Os dois melhores jogos do Grêmio até ontem foram um empate em casa e uma derrota em clássico? A frase parece deboche, mas não. Naquelas duas partidas, o Grêmio conseguiu criar diversas chances de gol, teve bom toque de bola, tabelas e jogadas de linha de fundo - como ontem. Mas não soube matar o jogo. Esses dois jogos se tornaram emblema do Grêmio 2009. Um time que cria, mas não faz gols. Sem os resultados, acabou a trégua estabelecida pela torcida com Celso Roth e a confiança dos jogadores.

Com Paulo Autuori o time encarou a missão de se reconstruir em meio ao mata-mata da Libertadores, o que resultou no que todos sabemos: o catastrófico primeiro jogo da semifinal contra o Cruzeiro. Agora, que a equipe começa a assimilar o jeito do novo treinador e a pressão pelo tri da América não existe mais, o jogo parece voltar a fluir. Com uma diferença: a bola entra. Foram dois jogos seguidos que se resolveram antes da metade do primeiro tempo.

Sempre defendi a queda do Roth, aplaudi a contratação e a espera por Autuori. Mas não deixo de me perguntar o que teria acontecido se tivessem entrado algumas das chances que perdemos naquele Grenal e na primeira fase da Libertadores. Esse ainda não é o time do Autuori. É o Grêmio confiante e tranqüilo do início do ano. Sem Roth na casamata. Ou seja, um bom ponto de partida.

domingo, 12 de julho de 2009

Com a cara do Autuori

O Grêmio que goleou o Corinthians neste domingo tem a cara de Paulo Autuori. Um time organizado, técnico e fleumático como o seu comandante. Sinceramente, não sei se é a cara do Grêmio que eu gosto, mas foi muito eficiente.

O time de Autuori joga com bola no chão, privilegia o passe curto e as jogadas envolventes. Joga pelas pontas de forma organizada, o que faz da bola aérea uma opção aguda, e não uma tentativa desesperada de botar a esfera perto da área, como vinha acontecendo nos últimos tempos. É evidentemente um futebol mais maduro, com mais padrão e melhor nível.

Talvez tenha sido o primeiro jogo que o time jogou com o semblante do seu “professor”. Antes (e justamente nas decisões da Libertadores) o time parecia híbrido, muito amarrado ao jeito anterior. Talvez só a ausência de pressão tenha permitido uma exibição exuberante como a que arrasou o campeão da Copa do Brasil.

Começa a se comprovar uma hipótese que levantei na época da troca de técnico (relembre aqui). Disse que queria para a Libertadores um “técnico metafísico”, que encarnasse a mítica da imortalidade e do Grêmio copeiro, alguém como Renato, por exemplo. Queria um técnico empolgante para jogar a Libertadores com o sangue, com o máximo de raça. Talvez eu estivesse certo. Certamente o técnico “da raça” não seria o adequado para um campeonato longo em que a regularidade faz a diferença. Autuori mostrou que não era o cara para a Libertadores. Mas pode ser o do Brasileirão?

Autuori , treinador refinado nos modos e na tática, é bom para os campeonatos longos, para projetos racionais que dependam de planejamento e possam prescindir do ímpeto necessário nos mata-mata, por exemplo.

Elenco

Outra característica interessante do técnico é a capacidade de usar o elenco disponível. Ele usa mesmo, insiste, valoriza, experimenta, não se rende às primeiras evidências (as vezes traiçoeiras). Sua atuação no tricolor serviu para mostrar que o nosso elenco, se não conta lá com grande qualidade, tem a virtude de ser parelho em seu talento. Não há muita diferença entre titulares e reservas, mantêm-se o padrão de jogo com uns ou outros, como se viu contra o campeão paulista. Se isso é suficiente, é outra história.

Mas daqui uns dias se abre a temível janela de contratações do futebol europeu e talvez alguns punhados de euros desfigurem o elenco atual. Sem dinheiro no caixa para contratar, Autuori vai investir pesado nas categorias de base e já integrou aos profissionais uma molecada reconhecida como promissora. Outras vezes o Grêmio já fez isso e em muitas se deu bem. Talvez para isso seja necessário mesmo um treinador com visão de longo prazo, como é Autuori.

Não vejo sintonia entre a fleuma do treinador e o jeito histórico do tricolor. O futebol do professor parece “bonito demais”, muito parecido com sua fala mansa e indefectivelmente carioca. Mas talvez agora seja o caso. Vamos dar um crédito.


E o coirmão einh? 15 dias atrás era o melhor time do Brasil e “campeão de tudo”. Em duas semanas perdeu a Copa do Brasil, a Recopa e a liderança do Brasileiro. O mundo dá voltas, né?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Planejar é preciso

Após uma desclassificação trágica do Grêmio na Libertadores, alguns aspectos precisam ser analisados para seguir por um caminho bem menos tortuoso no Brasileirão. A vitória sobre o Atlético-PR acalma, em parte, os ânimos dos torcedores mais exaltados. Para alguns destes, se já não bastasse a eliminação da Libertadores, ainda sofreram com a truculência da Brigada Militar em frente aos portões de acesso ao Olímpico...

É momento de planejamento. Planejamento estratégico. Para isso algumas mudanças são necessárias. "Intocáveis", só Victor, Réver e Souza.

Léo - Há tempos deixou de ser o zagueiro que despertou o interesse de grandes equipes européias. Alterna boas exibições com falhas grotescas. Jovem ele é. Inexperiente não. Nada que muito treino e uma boa conversa ao pé do ouvido não possa corrigir.

Thiego - Projeto de zagueiro. Nem projeto de lateral. Melhor ver o esforçado Makelele pela lateral-direita do campo.

Joilson - Se o Autuori deixar, vai poder começar a mostrar seu futebol apenas a partir de agora.

Ruy - Já era. Jogador que é sacado da equipe por não estar jogando nada e pede pra sair do clube tem mais é que ser negociado.

Rafael Marques - Bom reserva.

Fabio Santos - Autuori não põe Jadilson em seu lugar porque Jadilson é ala, enquanto Fabio é lateral. Tudo isso é teoria. Na prática Fabio é como um pato que nada e corre, mas não faz nenhuma das duas coisas direito.

Jadilson - Chegou como grande promessa para a ala diretia, ainda no esquema 3-5-2 de Celso Roth. Deve treinar muito mal, pois nem com Celso era titular.

Adilson - Tem futuro. Em vários jogos compensa a falta de qualidade no toque de bola com muita garra e determinação. Mas ainda falta um xerife para esta posição.

Túlio - Não estava servindo no Corinthians e acreditei que pudesse se encaixar no Grêmio. Que nada!  É como um carro 1.0 subindo a serra com o ar condicionado ligado e com 5 pessoas dentro.

Tcheco - Tudo tem seu tempo. O de Tcheco no Grêmio já passou e faz algum tempo. Os únicos dois recursos que ainda dispunha como diferencial (bola parada e passe preciso) já não funcionam mais. Não adianta mandar os zagueiros para a área na cobrança de escanteio pois ele cobra a meia-altura. Em resumo: é sofrível ver um jogo do Tricolor com Tcheco em campo.

Douglas Costa - Li que alguns grandes clubes europeus estão interessados no atleta. Especulações apontam o Manchester United como favorito nesta investida, que poderia ser em torno de R$ 60 milhões (duvido). Se não for ter sequência de jogos é melhor vender. Até porque acho difícil mostrar o que dizem que ele sabe. Não mostrou quase nada até agora. 

Alex Mineiro - Talvez a maior decepção em termos de contratação dos últimos 7 ou 8 anos do Grêmio. Tem postura de craque, passe e posicionamento refinado, mas é atacante de área e precisa fazer gols. Como não faz, não serve para o time. A única solução poderia ser colocá-lo no lugar de Tcheco, encostando em Maxi López e Herrera, com Souza sendo o homem de mais movimentação no meio-campo e caindo pelas alas.

Herrera - Uma usina para acender uma lâmpada. Mesmo assim tem a cara do Grêmio e ainda pode engrenar, sobretudo ao lado de Maxi.

Maxi López - "La Barbie" é "centravantão" trombador que sabe jogar futebol. Guerreiro, ainda pode dar muitas alegrias a torcida. É esperar pra ver.

Jonas - Já teve todas as oportunidades que merecia. Hora de pegar o par de chuteiras e se mandar. Quem sabe Portuguesa, Goiás...

Perea - O Grêmio já tentou negociá-lo com Palmeiras e Flamengo este ano, mas infelizmente não houve acerto. Uma pena! Adoraria vê-lo formar dupla de ataque com Obina.

Orteman - Quet tal abrir mais uma vaga para estrangeiro no plantel gremista? Orteman foi eleito o melhor jogador da Libertadores no distante ano de 2001. 

Há outros nomes, principalmente os jovens que ainda prometem e devem conquistar seu espaço aos poucos, como Mithyuê, Isael, e Maylson. Tem também o William Magrão que em agosto ou setembro deve voltar aos gramados, e Marcelo Grohe, que mostrou ser uma opção segura para Victor.

Autuori tem um grupo mediano nas mãos. As contratações são muito necessárias. Dois laterais, um meia ofensivo de perna esquerda e um atacante precisam chegar com urgência. Um projeto, como tanto se fala no Olímpico, só se faz com mão-de-obra qualificada. A hora é agora.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Coirmãos de verdade

Charge do Marco Aurélio, na Zero Hora de hoje.

As nossas feridas (enclausurados no Brasileirão)

Foto: Clic RBS

Na verdade a gente sabia que era quase impossível. Mas o uso da razão não é um exercício comum entre nós gremistas. Talvez a gente só quisesse mais um jogo épico, de torcer até o último minuto, nem importando o resultado, desde que a possibilidade existisse até o apito final. Mas os dois gols dos mineiros acabaram com essa possibilidade e transformaram nossa despedida da Libertadores num suspiro melancólico.

Este Grêmio esquálido que temos acompanhado é o retrato de um clube pobre, que compra jogadores de balaio, baratos como utensílios de camelôs. Não há um diferenciado, um talento capaz de iluminar a cena cinzenta de nosso time. Foi assim no ano passado, está sendo assim. Até quando vai ser?

O que não se discute é que tem gente no elenco que não tem estatura nem para segunda divisão. Que só está ali porque custa pouco, porque topa jogar pelo que podemos pagar. É este o preço das falcatruas da ISL, da má administração, das contratações erradas que viraram indenizações milionárias (lembram do Leão?) e um monte de coisas que se resume na expressão má administração.

É, o futebol precisa de dinheiro, e a falta do vil metal aparece dentro das quatro linhas e reverbera dolorosamente na arquibancada. Sem investimento não há time e sem time não há títulos. E segue o nosso jejum insuportável.

Vamos passar o resto do ano enclausurados no Brasileirão. Uma vaga na Libertadores do ano que vem passa a ser a meta maior, o único grande objetivo tricolor. Mas com esse time? Sorte que o resto dos concorrentes parece bem mediano, mas vale lembrar que sempre crescem no segundo semestre, na segunda parte do campeonato.

Sem ser catastrófico, levanto uma questão. Será que Autuori é mesmo o técnico adequado? Não desconsidero seu currículo, seu conhecimento, sua autoridade e competência. Mas confesso que me incomoda a sua fleuma londrina e seu falar cariocamente arrastado. Não vejo muita sintonia entre seu jeito e a “alma castelhana” que nos faz feliz. Vamos esperar.

Menos mal que a gangorra do futebol gaúcho quebrou. Os dois estão com a bunda no chão, o que dá um sentido preciso à expressão “coirmão” usada por ambos os clubes, sempre com certa ironia.