sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A chama "quase" apagada

A derrota para o Cruzeiro no Mineirão expôs de maneira explicita um grave problema da equipe do Grêmio. No meu modo de ver o mais grave de todos: a momentânea falta da Alma Tricolor.

A carência de um esquema tática efetivo (e eficaz), a falta de criatividade dos articuladores de jogadas, os infinitos erros de passes (acrescente neste quesito as rifadas de bola) e as finalizações equivocadas são problemas já conhecidos por todos. Mas jogar sem a verdadeira Alma do Grêmio é inaceitável.

Não é a primeira vez que o Espírito Tricolor não aparece em campo neste campeonato. Tem sido uma constante no segunda turno do Brasileirão. Embora, como sempre acreditamos na imortalidade e na volta por cima, engolimos e esquecemos quando ela não dá as caras em campo.

Mas a partida contra o Cruzeiro era diferente (e a diante do Palmeiras também será). Uma decisão disfarçada. E em momentos como este a Alma Gremista costuma sobrar. Entretanto falhou. E é isto que deve preocupar os gremistas. Gremistas acostumados e tarimbados, que sabem da história e da tradição deste clube, por isso ainda crentes no sucesso deste grupo de atletas.

Estamos na frente. Só dependemos de nossas próprias forças. Porém precisamos recuperar urgentemente nossa principal característica guerreira. Como bom gremista, logicamente ainda não joguei a toalha. Mas já a seguro somente pela etiqueta para que não escape de vez da minha mão.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O enigma de Celso Roth

“O Grêmio ainda precisa fazer um jogo épico para ser campeão”. A frase é do Celso Roth e, confesso, para mim é um enigma. O que ele quer dizer com isto? Justamente horas antes do jogo com o Cruzeiro.
Primeira hipótese: Ele sonha em ver uma partida bonita, bem disputada, com adversário equilibrado, jogo jogado, que o Grêmio vença no final, com certa dramaticidade. Neste caso a palavra sonho deve ser substituída por delírio, uma vez que sabemos que não temos nem jogadores e muito menos técnico para jogar de igual para igual com os grandes. Que o diga o Cruzeiro.
Segunda hipótese: Ele leu meu post aí abaixo (Metafísicos, uni-vos) e está contando com a sorte, com a mística da imortalidade para ser campeão. O bom desta possibilidade é que seria como uma autocrítica de suas limitações de técnico.
Terceira hipótese: Ele pretende sofrer muito para ganhar do Ipatinga, vencendo (ou empatando) nos 47 do segundo tempo. Neste caso ele confunde épico com decadente.
Quarta hipótese: ele achou “épica” uma palavra bonita e resolveu usar, mesmo sem saber o que significa.
O que eu quero dizer é o que já sabemos: com Celso Roth o título fica cada vez mais longe. A impressão é de que chegamos ao limite. Daqui para frente é prender a respiração e contar que o imponderável fique ao nosso lado. Historicamente tem ficado.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Inacreditavelmente

Certas coisas não nascem por acaso na cabeça de um narrador falastrão. Eu estava lendo o texto da Adriane sobre a Batalha dos Aflitos e aquele dia de novembro de 2005 me veio todo na cabeça. Isso e o clima de decisão no dia de hoje fizeram com que eu tomasse vergonha na cara e postasse aqui pela primeira vez.

Posto por lembrar de Pedro Ernesto Denardin, na Rádio Gaúcha, berrando "É inacreditável". A palavra virou até o título daquele documentário do Peninha sobre a partida e a passagem gremista por aquele inferno. Mas a expressão não surgiu por acaso na cabeça do narrador falastrão, que confunde emoção com gritaria e surtos xenófobos. A 3.379 quilômetros dali, em uma rádio pernambucana, outro narrador repetia de forma semelhante.

- Eu não acredito, eu não acredito...

Desde aquele dia, vivemos desafiando a crença. A nossa e a dos adversários. O terceiro lugar no Brasileiro na volta à elite. O segundo lugar da América no ano seguinte. A liderança de um campeonato que iniciamos em crise. Estamos nos acostumando a terminar o ano de forma inacreditável. 

Aconteça o que acontecer na noite de hoje, continuaremos na frente. Vai ser assim até o fim. Inacreditável. Clique abaixo para ouvir o narrador pernambucano que não me deixa mentir.

É o fato do dia, né chargistas?








Crônica de uma gremista em dia de aflição

Já que hoje é dia de jogo nosso. Já que a aflição é nossa companheira constante, mesmo na liderança. E já que a chuva cai, mais que aflita, em Florianópolis: vou contar outra história.

Era uma tarde de sábado de 2005. Eu estava em Porto Alegre. Tinha feito prova na UFRGS, de manhã, no Mestrado em Comunicação. Almocei com a amiga Rafaela e sua pequena Valentina. Depois fomos pra Redenção: chimas e conversa. Coisa bem boa.

Mas eu tinha um aperto no peito, apesar de tudo. Aquele seria um dia de provas, definitivamente. Eu sou fraca pra momentos decisivos. Eu finjo não saber o que está acontecendo. Sou boa atriz.

Perto das seis horas, resolvemos voltar pra Cidade Baixa. Eu estava hospedada na casa de um amigo ali, na rua Olavo Bilac. Pegamos a República, depois a Lima e Silva. E era um mar azul. Cada boteco do mais boêmio dos bairros da Capital dos gaúchos refletia azul, branco e preto. E era um misto de pânico e alegria, temor e euforia. Deixei Rafa e Vale em casa, na Joaquim Nabuco.

Segui sozinha. Parei um pouco em cada porta de boteco, espiando a tevê. Agonia. Pênalti.
- Merda! Sou eu, pé frio do c...!

Desatei a correr. Cheguei na Olavo Bilac apavorada. Subi correndo. Meu grande amigo que me hospedava, Carlos Garcia Rizzon, o Carlito, é colorado. Já de manhã tinha me avisado:
- Ó, guria, vou almoçar na minha irmã... E algo do tipo: - Na volta eu enxugo as tuas lágrimas...

Abri a porta esbaforida. Liguei a tevê. Outra explicação: a tevê do Carlito é daquelas antigas, demora a ligar... Fiquei, por alguns momentos, só ouvindo o jogo. Confusão em campo. Que dor no coração. Dia de provas, definitivamente.

Rapidamente tomei uma decisão: - Não vou participar disso! Baixei o som da tevê e fui pro telefone, queria ligar pra rodoviária, ver se tinha passagem ainda naquele dia pra Floripa.

- Catarinense, boa noite -, o moço da rodoviária.
- Oi, boa noite, vem cá, tens passagem pra Floripa ainda?
- Acho que tem só uma ou duas...

Gritaria na rua. A Cidade Baixa tremia.

Eu, em voz alta e para mim mesma, no telefone:
- Puta merda, os colorados comemorando o gol do Náutico.
O moço da rodoviária, no telefone, chorando:
- NÃO, GURIA!! O NOOOOOOOOSSOOOOO GOLEIRO PEGOU!!!
- Peraí -, eu tremia desesperadamente.

Virei pra tevê. Era verdade. Gritaria na rua, de novo.

- GOL NOSSO, GURIA! AGORA DEU, MEU DEUS -, ele gritava.

Eu sentei no chão. Entre choro e risos. Quase não ouvia nada, tamanho barulho na rua. Azul, Porto Alegre era azul, todinha azul naquele momento.

- Viu, eu vou aí retirar a passagem -, eram quase sete e pouco. Viajaria às 23 horas.
- Tu vais mesmo, guria?
- Sim, preciso ir hoje.
- Eu RESERVO pra ti! Vai pra rua curtir a nossa vitória. Qual é o teu nome?
- Adriane.
- Aparece aqui 15 minutos antes e pergunta pelo Carlos!

Então tá. Eu fui pra rua na Cidade Baixa. E vi o mar azul, azul. Olímpico ali pertinho. Monumental, Grêmio. Monumental.

22h30. Chego na rodoviária. Guichê da Catarinense.

- Boa noite, por favor, o Carlos.

Ele estava atendendo o telefone. Olhou pra mim, largou o fone na mesa e abriu os braços:

- Adriane!!!

Amanheci em Floripa, com o mar, bem azul, me acordando.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Excursão para Porto Alegre

Grêmio x Coritiba

Quando: 16/11, às 19h10
Local: Olímpico Monumental
Valor: R$ 140 (ônibus Double Deck)
Ingresso: R$ 30

A excursão sai de Joinville no dia 15/11, às 22h, passando por Florianópolis às 0h30.

O retorno é logo após o jogo.

Informações: (47) 9651 2353 - Rovan

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A tarde em que Sabella brilhou

Tá provado que o campeão deste ano será o time menos pior. E, nesse ponto, ninguém ganha da gente. Vejam. Até quando a gente vence sem querer, joga mal e é criticado, abrimos vantagem para os adversários. Isso porque a sorte acompanha os justos, diga-se.
Acordei pensando na vitória sobre o Cruzeiro que marcou a minha vida. Passei um filme na minha cabeça, e nada... nada... não existia... Lembrei-me então da abertura do Brasileirão de 1985. Mineirão vazio, 55º C à sombra, jogo ruim, daqueles que qualquer torcedor sairia do estádio no meio do segundo tempo.
No Imortal, a estréia de Sabella. Tirando o Gastão, alguém lembra dele? Provavalmente não. Isso porque esse desgraçado acabou com a gente na Libertadores do ano anterior, quando defendia o Independiente. E quando chegou ao nosso Grêmio, fez apenas uma partida que prestasse. Justo contra o nosso inimigo desta rodada. Guardou o gol que nos deu a vitória.
O que eu quero dizer com tudo isso? Que a partida desta quarta-feira terá a cara do Sabella. Será arrastada, chata, amarrada no meio de campo, e terminará 1 a 0 para a gente.

PS.: Como a memória engana, né? A partida foi 1 a 1, não foi a abertura do Brasileirão, o Mineirão não estava vazio e muito menos o gol foi do Sabella. Mas isso, não importa. O que vale, nesse caso, é a lembrança.

Celso, não inventa

Quem diz que secação não funciona? Cruzeiro e Palmeiras ficaram no caminho. Agora, na prática, só dependemos de nós. Se não perdermos para o Cruzeiro a coisa começa a se encaminhar para onde desejamos. Só depende de nós. Aliás, o Grêmio é o único que só depende de suas próprias forças. Somos o nosso próprio adversário. Precisamos vencer a apatia, a falta de criatividade, a alopração e a desordem tática.
Claro que dá para colocar mais um caneco no armário! Mas é preciso se superar, fazer o que não se imagina possível com o time que temos. A questão do limite do Celso Roth está no centro da questão. Se, por um lado, o esquema dele está pra lá de manjado, morremos de medo de que ele invente algum desvario para parecer inteligente. Já se fala em Paulo Sérgio na lateral esquerda, num 4-5-1. Meus sais, meus sais!
Quinta-feira teremos uma noção exata do que poderemos esperar. Por enquanto, vamos em frente que atrás vem gente. E quanta gente!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Metafísicos, uni-vos!

Talvez seja a bola. Parece que ela irrita os jogadores do Grêmio. É o que se pode desconfiar quando se vê a aflição com que todos tentam livrar-se dela. Ninguém sabe direito o que fazer com a esfera e os chutões deixam de ser um recurso extremo para ser um estilo de jogo. E o pior é que na pressa de desfazer-se da bola os caras tocam de qualquer jeito, multiplicando assustadoramente o número de passes errados.
Dizer que o jogo contra o fraquinho Sport inaugurou um novo esquema tático é um excesso de boa vontade. Que esquema? A aplicação de sistemática pressupõe consciência dos jogadores, domínio de situação, objetividade para colocar a bola onde deseja e no pé de quem pode evoluir. Neste jogo, pelo menos, só tinha um monte de afoitos. Até o gol redentor veio de um chute desajeitado e uma intromissão oportuna de Reinaldo. Não foi uma jogada planejada e construída com consciência.
Assim, as chances de chegarmos ao título ficam dependendo de dois fatores metafísicos: a sorte e a mística da imortalidade. Se depender de futebol, está difícil. Se fosse outro clube eu jogaria a toalha, mas é o Grêmio, que sempre vence aos trancos. Então, permaneço esperançoso no tri brasileiro.
Vamos esperar que os eflúvios do imponderado nos façam vencer Cruzeiro, Palmeiras, Vitória e (pasmem!) Ipatinga, lá na casa deles. Que o universo conspire para que nada de inadequado aconteça no Olímpico contra Figueirense, Coritiba e Atlético Mineiro. Só faltam sete jogos.
Enquanto o futebol não chega e o Celso Roth não vai, vamos nos apegar na fé, na camisa, nas cores e no retrospecto da imortalidade. Temos chances metafísicas de sermos campeões. Seremos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Caça ao líder

Publicado hoje no Charge Online. Sempre assusta, mas depois a gente descobre que não passa de fantasia...

"O Grêmio não tem time para ser campeão" - Comentário de Paulo Sant'Ana (20/10)

Tomei a liberdade de postar o link com o comentário do Paulo Sant'Ana No Jornal do Almoço da RBS TV (RS) em 20/10.



O que pensam vocês?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A morte anunciada

Não é por uma derrota para a Portuguesa que o esquema 3-5-2 já não serve mais. Basta fazer um exame de consciência e relembrar as atuações tricolores no returno do campeonato nacional. Contra a Lusa eram 3 zagueiros e um "ala esquerdo" que não conseguiu apoiar bem (aliás, uma constante em se tratando do Hélder neste campeonato). Precisamos de tudo isso para se defender de um equipe técnicamente fraca? Penso como Roth que uma boa equipe começa pela defesa. Mas ser a melhor defesa do campeonato e ter um ataque inoperante na maior parte do tempo é demasiada teimosia.

A volta do 4-4-2 manteria a estrutura defensiva do Grêmio, mesmo com a saída de um zagueiro, e ainda agregaria um jogador de técnica mais apurada ao setor de meio-campo. Escolher entre Tcheco, Souza e Douglas Costa é problema do Roth. Mas a presença de dois deles ao mesmo tempo no time é uma necessidade.

Que é sofrido, que sempre foi sofrido e que sempre será assim isso todos nós já sabemos. Apenas torcer por tropeços dos adversários é muito pouco para a grandeza do Grêmio. É preciso usar bem as peças que têm. O sucesso depende de apostas que, neste momento, são muito mais imprescindíveis que ousadas.

domingo, 19 de outubro de 2008

Precisamos sofrer tanto?

Que falta faz um técnico! A derrota para a Portuguesa escancara mais uma vez as limitações de Celso Roth. Um time enroscado em si mesmo, sem objetividades, sem criação.
Impressionante como o time não sabe jogar sem Tcheco. Souza e Orteman ainda estão devendo uma boa apresentação. Enquanto isso, ficamos assistindo um festival de bolas rifadas, uma pressa desajeitada.
Francamente, nosso plantel não é desprezível. Pode não ser uma seleção, mas está muito bom para o nível do campeonato. Mas porque não joga? Resposta básica: falta um treinador, alguém que conheça futebol, que tenha repertório tático e estratégico, que saiba mexer no time.
Vamos ser campeões, sim. Mas precisamos sofrer tanto?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Roth, o sortudo



É só um complemento ao post do Gastão. O Celso Roth é um cara de sorte, antes de mais nada. Os cartões e os machucados vão acertando o time para ele. Olhem só... Na hora que o nosso Imortal começa a se tornar previsível, o ensaio para o 4-4-2 que vem sendo realizado há três rodadas pode aparecer. Mas só contra o Sport, na semana que vem. Ficaria o time com o esquema desse campinho do post.

Contra a Lusa, seguem os três zagueiros, com a volta do brilhante Pereirão, um ícone do 26/11, o cara que deu bronca no Domingos quando ele tapeou a bola naquele penalti que todos nós sabemos como terminou. Então o nosso garoto de R$ 80 milhões fará a função do Tcheco e tudo se resolve.

Gurizada medonha

Depois das 24 horas de terror, indignação e nojo proporcionados pelo STJD, podemos voltar a falar de futebol.
A gurizada estava lá. Mais uma fornada da impressionante fábrica de craques que se tornou o Olímpico. Mas porque o time teve que passar por uma longa crise depressiva até abrir a caixa onde estavam as novas e reluzentes ferramentas?
Primeiro porque os meninos são observados por dois departamentos: o de futebol e a tesouraria. Assim, escancarar para o mundo a existência de tais preciosidades antes do fechamento da “janela européia” e da assinatura de contratos longos poderia ser uma tragédia dupla. Não se usufruiria do futebol dos garotos nem dos euros que eles inexoravelmente representam.
Depois, porque Celso Roth é teimoso, conservador e limitado. Na verdade a meninada só saiu da sombra porque o treinador levou uma prensa da diretoria e porque acumularam-se lesões e suspensões que varreram meio time. Mas havia mais um time guardado. E que time!
O que se viu no jogo contra o Santos foi uma amostra do que pode ser. Claro que o jogo foi uma correria de adolescentes afoitos e dispersivos. Não se poderia esperar mais, são meninos. Mas são muito bons de bola. O retorno dos “adultos” vai equilibrar o time. A produtividade vai aumentar com a chegada Douglas Costa, Mattioni e Helder. Rafael Carioca e Wilian Magrão devem continuar fazendo o que já estão fazendo muito bem. Quem sai para entrar Douglas? Um zagueiro.
E lá na frente o gigante de ébano, Morales, vai atazanar as defesas adversárias e abrir caminho para o tri.
Dá para chegar. Não vai ser fácil. Temos Palmeiras, Cruzeiro e Vitória fora de casa. E ainda a implicância declarada do STJD, que talvez seja o nosso maior adversário na reta final.

Gremista desde sempre

Nunca tive opção. Não lembro quando percebi que era gremista ou quando me questionaram isso pela primeira vez (no Rio Grande do Sul, ninguém pergunta pra qual time tu torce: perguntam se tu é gremista ou colorado). Nasci com sangue azul e essa consciência, que nunca me abandonou, de ser uma privilegiada. É como não ter tendência a engordar. Como ter aquela pele que fica bronzeada no sol ao invés de vermelha. Como ter aqueles metabolismos que por mais que o cara beba, no dia seguinte acorda sem ressaca.

Minha família é toda gremista. Pai, mãe, irmão, irmã, tios, primos. Há exceções, mas são a minoria. Na minha turma do colégio, lá pelo meio da década de 1990, quase não tinha colorado. Eu achava que quase não tinha colorado em lugar nenhum. Na verdade, eu achava que só tinha o Grêmio em todo o universo em expansão. Foi nessa época – com Danrlei, Arce, Rivarola, Roger, Dinho, Carlos Miguel, Paulo Nunes, Jardel e vários outros que não ficaram tão nítidos na minha memória – que passamos como um rolo compressor pelos campeonatos América Latina afora. (Quem dera pudesse dizer “mundo afora”, mas tinha um Ajax no meio do caminho.)

Era muito fácil torcer pro Grêmio naquela época. Se eu já nascera gremista, a fase áurea só serviu pra sedimentar essa certeza. Mas veio o desmembramento da seleção de 1995, a lenta decadência rumo ao centenário, a segunda divisão, e a volta por cima, simbolizada pela Batalha dos Aflitos, que depois nos levou à final da Libertadores – num jogo que prefiro não comentar. E o sangue azul, sempre correndo nas veias.

Palmeiras, Cruzeiro e São Paulo, tremei. Esse ano, não tem STJD, CBF, jornalistas de esporte e o car**** a quatro pra nos segurar. O Grêmio vai sair campeão.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Tudo tem seu tempo

A primeira postagem poderia ser sobre os desatinos do STJD...
Mas não. Os momentos iniciais desta experiência desafiadora e ao mesmo tempo confortante merecem energias positivas. Certamente provenientes da emoção de ser um gremista de berço. "Culpa"de um pai e de um irmão "desvairados", que ensinaram a mim, desde o começo, que futebol se ganha com raça e não com dribles bonitos. O restante aprendi por conta própria assistindo ao Imortal.
Crescer tendo como exemplo de essência de futebol Dinho, Adilson ou Jardel ao invés de Romário, Raí ou Bebeto é a maior prova de que torcemos para o time certo. Porque no esporte que mistura raça e habilidade, podem-se conquistar muitos títulos somente com o primeiro ingrediente, mas jamais só com o segundo.
Vida longa ao blog! Vida eterna ao Tricolor dos Pampas! Que a avalanche de conquistas prossiga perene.

Um tio querido, um time amado

Vou estrear aqui contando uma história singela, mas que diz bastante do meu sentimento em relação ao Grêmio.

Meu pai é colorado. Pasmem, cheguei a torcer pro Inter ganhar o tal campeonato mundial - quando foi mesmo?! Das duas, uma: ou o pai teria um ataque do coração de tristeza ou um de alegria... Perigava meu velho sofrer demais, então decidi que seria melhor de alegria. Convenhamos que, pra uma filha, nada como ver o pai feliz, apesar de colorado. Mas foi só.

Meu pai é colorado. E eu, desde pequena, sabia disso ouvindo os gritos dele - "Figueroa! Figueroa!" - , nos domingos de jogo. Naquele tempo o co-irmão tinha bons jogadores, justiça seja feita. Acontece que, além de colorado, meu pai era tratorista. Lá nos idos da década de 70, interior de Santa Catarina, o pai abriu muita estrada ligando as cidades do Oeste. Saía de casa na segunda, voltava no sábado. Nos víamos muito pouco, eu e o pai, naquelas épocas. Nos víamos nos domingos. Por causa do trabalho, ele passou algum tempo distante de mim. Tempo fundamental para alguém decidir o time do coração.

Meu tio mais novo, que morava com a gente, era GREMISTA. E estava sempre comigo. Não que o pai não quisesse ou fosse relapso, mas o tio teve, nesta época, a vantagem de brincar comigo todos os dias. E ele é o tio mais querido do mundo. Me deu uma camiseta do Grêmio, de malha, decote "V", coisa mais linda. Eu devia ter uns 4 ou 5 anos. O tio sabia das coisas. Me levava pra tudo que era lado: ia namorar, me levava junto! Ia buscar fruta no interior, com seu fuscão azul, e me levava junto. Me dava aulas de violão. Me ensinou o hino do Grêmio.

A verdade é que, quando meu pai percebeu, era tarde demais.

Te amo mesmo assim, pai!

Correio do leitor

O blog recebeu esta mensagem. Impossível não postá-la:

Querido Gastão,

Que a pena da paixão
Molhada no sangue azul que corre nas veias dos Onze Mosqueteiros
Possa desferir golpes retóricos certeiros
Não para ferir nossos oponentes
Nem para enaltecer
O que não necessita mais ser enaltecido.
Mas para que os moradores do Planeta Grêmio possam dizer
Não apenas sabemos jogar bola
A nossa arte também está no belo escrever.

Abraço e sucesso, Irmão
Estevão (Bobi)

Que injustiça!

De todas as punições aplicadas ao Imortal pelo STJD, a mais injusta foi a do Réver. Ele deveria ter pego 120 dias, no mínimo. O Carlos Alberto passa a mão e ele nem revida, não dá uma cuspida no cara, não quebra o molar do cidadão, não honra a camisa que já foi vestida por Dinho, o Cangaceiro. E tem mais. Esse tal de STJD tá querendo transformar o futebol em esporte de moças (desculpem-me meninas mosqueteiras, nada a ver com o gênero, é só uma expressão).

Tudo indica que a armação tem o objetivo de nos dar o único título que nos falta, o de campeão moral. Dos outros, nosso galpão de troféus está cheio, abarrotado.

As razões deste blog

Não há razão nenhuma para se escrever sobre futebol ou, menos ainda, sobre o time pelo qual a gente torce. A energia que nos move a acompanhar com aflição cada rodada do campeonato, correr diariamente os noticiários e ter no armário um lugar especial para a camisa do time amado não é racional. Manter um blog sobre o tema, então, é a confissão pública desta paixão desenfreada.
Nosso caso específico é mais grave. Além de gremistas, somos jornalistas. O que significa dizer que, além de sermos escravos da paixão tricolor, estamos submetidos também ao gosto inebriante pelas letras, pelos textos, pelas informações. Pelo jornalismo, enfim.
A fusão destas duas paixões é o que se verá neste blog. E como não falamos de razão, vale tudo. Valem histórias, opiniões, especulações, memórias, imagens. Não há regras sobre o que ou como escrever, desde que seja sobre o Grêmio.
Esperamos que seja divertido para todos nós, Mosqueteiros do teclado, e para os leitores.
Este blog é um testemunho daquilo que Paulo Sant´Ana sabiamente ensinou: “ser gremista é o sonho delirante de não poder ser na vida uma outra coisa”.